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Presidente da FenaPrevi prevê forte crescimento do seguro de pessoas

24 de março de 2016

Em almoço do CVG-SP, Edson Franco orientou o mercado de seguros a se preparar para a retomada do crescimento, que, acredita, virá forte ao final da crise política e econômica que estamos vivendo.

Edson_FrancoEm seu primeiro evento do ano, o CVG-SP recebeu o novo presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), Edson Franco, em almoço exclusivo para convidados, realizado no dia 16 de março, no Hotel Unique, em São Paulo(SP). De acordo com o presidente do CVG-SP, Dilmo B. Moreira, este evento estava previsto para acontecer em novembro, no mesmo local, mas foi adiado por causa do falecimento de Marco Rossi e de Lúcio Flávio Conduru de Oliveira. A nova data coincidiu com a troca de comando na FenaPrevi, que, tradicionalmente, também abre os trabalhos do CVG-SP a cada início de ano.

Panorama atual
Edson Franco apresentou um panorama do seguro de pessoas, no qual se destacaram o bom desempenho nos últimos anos, a projeção de menor crescimento e, principalmente, o potencial para o desenvolvimento de novos produtos. Os planos de riscos (seguro coletivo, seguro individual e planos tradicionais), que cresceram 7,3% até janeiro de 2015, em comparação com o mesmo período ano anterior, devem crescer neste ano 4,9%. Já os planos de acumulação (PGBL, VGBL e planos tradicionais), cujo desempenho alcançou a marca de 18% no ano passado, neste ano, segundo estimativa da FenaPrevi, crescerão 16%.

No seguro de pessoas, alguns ramos ainda não sentiram os efeitos da crise econômica. Entre os principais estão o seguro viagem e o seguro Dotal, que cresceram 25% em 2015, e a assistência funeral, que cresceu acima de 15%. Outros ramos, porém, já sofreram o impacto, como é caso do seguro prestamista, que experimentou queda de 25%. Entretanto, Franco acredita que, apesar de não ser possível estimar sua duração, a crise é temporária. O fim da atual retração econômica se refletirá, a seu ver, em forte retomada do crescimento econômico, com impacto positivo também para o seguro de pessoas. “Quando a retomada vier, será com muita força”, prevê.

Mudanças demográfica e socioeconômica

No cenário de longo prazo, o envelhecimento populacional é um grande desafio. O país ainda está na fase do bônus demográfico, mas a expectativa de vida ao nascer aumentou em 7,5 anos nas duas últimas décadas, enquanto a taxa de natalidade caiu. Já os gastos per capita com saúde quintuplicaram entre1993 e 2003, passando de US$ 213 para US$ 1.084. A combinação desses fatores e mais a informalidade resultaram em um grande gap de proteção contra o risco de morte e de perda de renda calculado em US$ 2,4 trilhões, segundo estimativas da Swiss Re. “Isso mostra o tamanho da oportunidade que temos”, disse.

Na avaliação de Franco, o segmento de seguro de pessoas é afetado pelos desajustes da Previdência Social. “Nosso país é mais jovem que o Japão, mas gasta o dobro com Previdência Social”, afirmou. Além do gasto elevado, os incentivos inadequados, como a elegibilidade, os valores e a acumulação de benefícios, tornam a situação da Previdência Social insustentável, na opinião do presidente da FenaPrevi. A idade média de aposentadoria dos brasileiros, em torno de 54 anos, é mais baixa que a dos demais países, que é de 64 anos.

Outra agravante é acumulação de benefícios: 47% dos pensionistas são aposentados ou trabalham. Já o número de aposentadorias por invalidez supera, por exemplo, o de países que enfrentaram guerras. Para Franco, o setor de seguros tem o dever de trazer essa questão para os holofotes, conscientizando a população de que a capacidade do Estado é limitada. “Temos, ainda, que modernizar o arcabouço regulatório e os nossos produtos”, acrescentou.

Agenda da FenaPrevi

Na agenda da federação para os próximos três anos, a prioridade número um é o desenvolvimento de novos produtos. Para tanto, vale adaptar as melhores práticas internacionais e até importar produtos. Franco citou o exemplo do Chile, onde uma das principais fontes de negócios e renda é o seguro de annuities, operado por seguradoras, o qual permite a compra de renda imediata por pessoas que acumularam recursos nas AFPs (contas de aposentadoria individualizadas). “No Brasil, o mercado de annuities ainda não existe. Mas, precisamos nos preparar agora ou então não conseguiremos atender a essa necessidade que virá”, disse.

Em termos de novos produtos, Franco enxerga um “caminhão” de oportunidades para o setor. Por enquanto estão no forno o Prev Saúde (também conhecido como VGBL Saúde), que aguarda a aprovação do governo, e o Universal Life, cujas regras já passaram por consulta pública. Mas, em sua opinião, o mercado de seguros também tem condições de desenvolver outros produtos, como os da linha long term care, que podem custear, por exemplo, despesas com cuidadores para pessoas com doenças graves ou degenerativas.

Essa iniciativa, porém, deverá vir acompanhada da modernização do modelo de distribuição. Daí porque, uma das prioridades da FenaPrevi é apoiar a especialização da força de venda, para que esteja capacitada a oferecer novos produtos e, ainda, conquistar a nova geração. O parâmetro nesse caso é o suitability, termo emprestado do mercado financeiro que define a adequação da oferta à necessidade do cliente. Esta seria uma maneira, na opinião de Franco, de ampliar a oferta do seguro de vida para além do ambiente bancário.

A evolução do arcabouço regulatório, terceira prioridade da FenaPrevi, é a condição que Franco indica para aumentar a oferta de produtos. A ideia é acompanhar as recentes mudanças em investimentos, bem como as práticas regulatórias internacionais. No caso dos produtos de acumulação, ele destacou que falta regulamentar, por exemplo, a figura do participante qualificado, que permitiria investimentos com limites de alocação diferenciados em renda variável, cambial e imóveis.

Em outra frente, também seria preciso aprovar o projeto de lei, apoiado pela FenaPrevi, que cria o patrimônio de afetação. A lei garantirá que os recursos de provisões de uma seguradora, eventualmente insolvente, sejam destinados, prioritariamente, para suportar as obrigações do negócio. “A Lei de Falências estabelece a preferência de credores, mas não deveria alcançar as reservas das seguradoras, que já estão comprometidas com benefícios a serem pagos aos clientes. Isso precisa ser protegido”, disse.

Debate com a plateia

Respondendo ao questionamento de Paulo Meinberg, membro do Conselho Consultivo do CVG-SP, sobre a condição dos produtos de acumulação não contemplarem risco, o presidente da FenaPrevi reconheceu que o inesperado sucesso do VGBL fez dele um produto muito atacado, às vezes até injustamente. Segundo Franco, esse produto tem um componente securitário, que é a opção de renda vitalícia assegurada desde sua contratação, que embute uma garantia contra a inflação. “Olhando para economias mais desenvolvidas, nas quais produtos com garantia de inflação já levaram a problemas de solvência do próprio sistema, esta não é uma garantia menor”, disse.

Gustavo Doria, diretor Executivo do portal CQCS, quis saber sobre a tramitação do projeto de lei que regulamenta o Prev Saúde (PL 10/2015). Franco informou que após a aprovação na Câmara dos Deputados o projeto seguirá para o Senado Federal. Ele aproveitou a oportunidade para esclarecer a questão da renúncia fiscal, principal obstáculo à aprovação do Prev Saúde. “Trata-se de um produto novo, que pode potencializar o benefício fiscal de produtos que já existem, mas que não cria nenhuma nova renúncia fiscal”, disse.

Já o presidente do Clube dos Corretores de Seguros de Osasco e Região (CCS-OR), José Amélio de Souza, questionou Franco sobre a regulamentação da figura do agente. Para melhorar a distribuição, uma das prioridades da FenaPrevi é apoiar a formação de agentes. “Iniciamos a conversa com o Armando Vergílio (presidente da Fenacor), com a intenção de criar um ambiente de distribuição de seguros individuais fora das agências bancárias, que seja moderno, capilar e competitivo”, disse Franco.

O presidente do CVG-SP observou que ainda existe muito desconhecimento da população em relação aos produtos de seguros. “O trabalho da FenaPrevi, da CNSeg e também CVG-SP é levar ao conhecimento das pessoas a existência de produtos e como podem elevar o nível de proteção social”, disse. Para Alexandre Camillo, presidente do Sincor-SP, cabe às lideranças do setor se alinharem para alcançar este objetivo e fazerem o seguro de pessoas evoluir. “Coloco o Sincor-SP e a Fenacor, na parte que cabe mim, para que possamos ampliar essa discussão”, disse.

Homenagens e novidade

Em cumprimento ao estatuto do CVG-SP, Dilmo B. Moreira entregou ao presidente da FenaPrevi o título de Sócio Honorário. “Considero este momento muito importante, porque a missão da federação e, em grande parte, do próprio CVG-SP é assumir a responsabilidade de conscientizar a população sobre a importância do nosso segmento”, disse Franco.

Também foi homenageado com o título de Sócio Honorário o advogado Ayrton Pimentel, que agradeceu a honraria, não apenas pela lembrança do seu nome, no momento atual em que está aposentado, como também por partir do CVG-SP. “Embora não seja voltado aos aspectos jurídicos, o CVG-SP foi um agente extraordinário no sentido de decifrarmos o Código Civil. Por isso, aproveito a oportunidade para homenagear o CVG-SP pelo importante papel que desempenha no mercado”, disse Pimentel.

Durante o evento, Dilmo B. Moreira divulgou, em primeira mão, uma inovação. “De agora em diante o CVG-SP passa a aceitar em seu quadro associativo, além de seguradoras, também as empresas prestadoras de serviços e corretoras de seguros”, disse. Ele explicou que a iniciativa veio ao encontro de mudanças no próprio mercado, a partir de inúmeras fusões entre empresas, que resultaram na redução no número de beneméritas da entidade.

“Materializando essa inovação, comunico que está em processo de conclusão a associação ao CVG-SP das empresas Segasp, Pasi, Delphos e Omint”, anunciou. O presidente do Sindseg-SP e da ANSP, Mauro Batista, elogiou a iniciativa do CVG-SP. “É uma notícia alvissareira, pois abre a oportunidade para novos associados, inclusive corretores”, disse.

Registro de presenças

Autoridades presentes: Adevaldo Calegari (CCS-SP), Alexandre Camillo (Sincor-SP), Fernando Simões (Sindseg-SP), José Amélio de Souza (CCS-OR), José Roberto de Souza Bonito (CCS – Costa Mata Atlântica), Mara Sutto (UCS), Mauro Cesar Batista (Sindseg-SP e ANSP), Paulo Miguel Marraccini (CNseg), Pedro Barbato Filho (Camaracor-SP). Diretores do CVG-SP: Marcio Magnaboschi, Alexandre Crozato, Francisco Toledo, Reinaldo Oliveira, Alexandre Vicente da Silva, Gustavo Toledo, Luiz Eduardo Prodomo, Luiz Macoto Sakamoto, Paulo Rogério Lima e Rubens Moreira Bastos. Fundadores e Conselheiros do CVG-SP: Osmar Bertacini, Paulo Meinberg e Cesar Carloni.

Fonte: CVG-SP