O mapa do roubo de veículos em Porto Alegre mostra que, dos 18 bairros com maior incidência deste tipo de crime neste ano, 13 ficam na zona norte. Em números absolutos, o Rubem Berta tem 18% dos cerca de 5,5 mil roubos registrados. E mais, os quatro bairros que mais tiveram roubos em 2016 têm 43% do total registrado. Além do Rubem Berta, Sarandi, Petrópolis e Jardim Itu Sabará. Na zona sul, Ipanema e Teresópolis, ambos com 2,8%, são os mais perigosos em relação a este delito. Na área central, é a Azenha, com 2,8% do total registrado.

Apesar da diminuição dos roubos diários desde janeiro, devido a operações policiais e à Lei dos Desmanches, a redução seria ainda maior se tivesse mais policiamento nas ruas. Isso porque houve apenas 84 flagrantes das duas polícias em 2016 por roubo de veículos. Antes de tudo, a estatística é de janeiro até o dia 10 de setembro e contabiliza apenas roubos, ou seja, quando a vítima estava no veículo no momento em que o mesmo é levado pelos bandidos.

POA: 5,5 mil roubos de veículos

Rubem Berta – 18%

Sarandi – 10,6%

Petrópolis – 7,7%

Jardim Itu Sabará – 6,8%

Floresta – 6,2%

Passo da Areia – 5,9%

São João – 5,5%

Navegantes – 5%

Rio Branco – 4,7%

Cristo Redentor – 4,4%

Auxiliadora – 3,9%

São Sebastião – 3,3%

Higienópolis – 3%

Ipanema – 2,9%

Teresópolis – 2,9%

Azenha – 2,8%

São Geraldo – 2,8%

Jardim Lindoia – 2,8%

Zona Norte

A polícia informa que estes levantamentos são importantes porque servem de alerta para a população e principalmente como base para o combate a este delito. Tanto é que neste ano, a Operação Avante da Brigada Militar (BM) e as operações do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) sobre roubo de carros tiveram como foco quadrilhas que agem na zona norte da cidade.

O diretor de Investigações do Deic, delegado Sander Cajal, diz que os agentes têm direcionado o trabalho na Capital conforme o mapa do roubo de veículos. Ele lembra que a Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos tem feito ações pontuais contra este tipo de crime, mas que, em agosto, fez uma grande operação que tirou de circulação cerca de 25 bandidos. Eles integravam uma quadrilha que roubava até dois carros por dia somente na zona norte da cidade. Foi a chamada Operação Domínio.

“Vale destacar que nestes bairros com maior índice de roubos de carros, nós estamos tendo maior atenção em relação ao policiamento. Lembro que a maior incidência dos roubos é de segunda a sexta, entre 18h e 23h59“, informa Cajal.

Segundo a polícia, a região norte de Porto Alegre é mais visada porque tem uma população maior, mas principalmente pelo fato de que tem várias vias usadas pelos bandidos como pontos de fuga e ainda por ter uma concentração maior de pontos de desmanches, o que também tem sido alvo da Secretaria da Segurança neste ano.

Policiamento

O comandante do Policiamento da Capital, coronel Mário Ikeda, considera alto o número de roubos de veículos na cidade, mas lembra que, desde janeiro, ações das duas polícias fizeram com que este tipo de crime reduzisse em torno de 30%. Se em janeiro houve 28 roubos diários, em agosto foram 19 e nos primeiros dez dias de setembro foram apenas 17. A média anual está em 22 registros por dia.

“Apesar do pequeno índice de flagrantes (apenas 84 prisões de ladrões de carros em flagrante este ano na Capital), o índice mais expressivo é o de pelo menos duas prisões por dia de receptadores pela Operação Avante. Através de barreiras e abordagens em locais suspeitos, estamos prendendo estas pessoas que recebem parte dos carros roubados“, informa Ikeda.

Em Porto Alegre, 40% dos carros roubados são recuperados, o que indica que parte do total de veículos é usada para cometer outros crimes e depois abandonada. Os outros 60% geralmente são encaminhados para clonagem e desmanches.

Desmanches

Neste ano, uma Força-Tarefa da Secretaria da Segurança realizou várias edições da Operação contra desmanches no estado, a mais recente há cerca de dez dias, com o objetivo de combater o outro lado do roubo de veículos. Com foco na Região Metropolitana, o trabalho já se estendeu para o Interior. O coordenador do trabalho, tenente-coronel César Augusto Ferreira da Silva, diz que vários desmanches não credenciados foram fechados e continuarão a ser interditados. No entanto, informa que estabelecimentos credenciados também passarão a ser alvo da ação.

“Com apoio de peritos, que podem nos fornecer a prova material, iremos verificar estes locais também. O objetivo é coibir que peças roubadas sejam encaminhadas para estes locais, já que estamos atacando os desmanches ilegais“, ressalta o tenente-coronel César.

Desde fevereiro, 33 estabelecimentos foram fechados, cerca de 30 proprietários ou responsáveis por estes pontos foram presos e 1,5 mil toneladas de peças foram apreendidas e destruídas. Foram contabilizados cerca de 1,2 mil desmanches no Rio Grande do Sul, a maioria na Grande Porto Alegre, e até agora, só 212 regularizaram a situação.

Fonte: Clicrbr