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Hipnoterapia desponta como recurso terapêutico no tratamento de dependentes químicos e doenças crônicas

03 de abril de 2023

Terapia ainda é cercada de mitos sobre sua funcionalidade e aplicação na prática

Os tratamentos para a dependência química costumam ser bem complexos e envolvem uma série de fatores. Nesses casos, é comum a aplicação de procedimentos multidisciplinares, validando as questões biológicas, psicológicas e sociais do paciente que devem ser levadas em consideração no processo terapêutico. Entre os recursos existentes, há também a opção da hipnoterapia, uma prática que pode ser utilizada de modo complementar, somando-se as outras intervenções terapêuticas, principalmente após o período de abstinência física da droga.

Nos últimos anos, a hipnoterapia passou a ser reconhecida como terapia auxiliar pelos conselhos de psicologia, medicina, odontologia e fisioterapia, e começou a ser praticada em hospitais e consultórios, principalmente por auxiliar o indivíduo a não apresentar recaídas. Durante o uso do método, a pessoa fica mais concentrada, já que é um estado de atenção focalizada onde se desliga das percepções externas sem perder seu estado de vigília.

Segundo o especialista em dependência química, Uranio Paiva, por meio de técnicas específicas, o hipnólogo faz com que alguns comandos fiquem gravados na mente do paciente, que servirão para que ele haja de forma diferente diante dos problemas que geraram o tratamento.

“O nosso cérebro é formado por três formatos distintos que é o inconsciente, o subconsciente e o consciente. As causas que provocam o adoecimento não estão no consciente, porque lá fica a memória atual, mas ficam guardadas no subconsciente. Através de uma técnica, a pessoa tem acesso a esse espaço e vai identificar qual é a causa da patologia, podendo assim ressignificar o problema”, explica o especialista.

Durante o processo da terapia, o paciente é sugestionado a viver de forma diferente e saudável, longe das drogas e daquilo que causa dependência. Ele pode ser levado a ter sensações ruins diante da droga, como náuseas, por exemplo, fazendo com que o hábito passe a ser enxergado por ele como algo que traga sensações ruins, e não mais de conforto e bem-estar, fazendo com que ele sinta aversão à droga.

Normalmente são quatro sessões aplicadas ao dependente químico, com uma primeira sessão conhecida como pré talk que consiste em uma conversa explicando o que é a hipnoterapia. Nesse momento é também solicitada uma autorização do indivíduo para poder fazer o processo, especificando todos os mitos e verdades sobre a prática.

“A partir dali o paciente tem que ter aceitabilidade para o processo. Não adianta ele ir para o procedimento sem aceitar, por isso é mostrado todas as vantagens que são necessárias para que ele se liberte da patologia. A partir desse momento é feito o acesso ao subconsciente do paciente, através de uma técnica que vai exatamente à emoção que provocou esse tipo de problema que ele tem atualmente”, destaca Uranio Paiva.

A hipnoterapia é uma ferramenta extremamente importante não só para o tratamento da dependência química, mas como para as doenças crônicas também. Muitas delas não são tratadas pela medicina tradicional, mas sim controladas. Apesar disso, a prática possuía uma série de mitos envoltos ao seu redor, entre eles o mistério e a presunção de que as pessoas vão falar mais do que deveriam.

“Antigamente se usava pêndulos para a pessoa ter o olhar fixo e entrar em transe, atualmente é uma prática banalizada. Na hipnoterapia atual basta utilizar uma técnica verbal para o paciente entrar em um processo de transe e conversa consciente, sabendo do que está respondendo, abrindo o olho e podendo se levantar e se sentar. É uma técnica extremamente suave e que traz benefícios extraordinários”, diz o especialista.

O terapeuta conta que por ser um procedimento simples o início da hipnoterapia pode ocorrer em qualquer estágio da doença. No entanto, o paciente precisa estar disponível e aberto ao tratamento, sem se auto bloquear. Ainda assim, existem técnicas para acessar as pessoas que resistem a entrar no estado de concentração.

“É uma coisa muito leve e que precisa ser conscientizada. Não existe nada de misterioso ou que venha assustar a pessoa no procedimento, que é simples feito através de uma conversa franca e que busca coisas enraizadas no passado. Essas questões vêm à tona e são trabalhadas para que elas deixem de existir dentro do subconsciente, já que muitos traumas desencadeiam alterações orgânicas e provocam a doença”, salienta.

Já no processo de aplicação do método, há uma ressignificação do problema que resulta no perdão. Nesses casos é exercido um desenvolvimento em que a pessoa perdoa o que aconteceu durante o seu passado para que se sinta aliviado e volte a ter uma condição melhor de vida atual. A função do terapeuta é justamente libertá-lo dessas amarras já que o uso de medicações controlam as doenças, mas não as curam.

A hipnoterapia não possui contraindicação, já que é um procedimento em que não há invasão ao organismo, e também não requer a aplicação por meio de profissionais como psiquiatras e psicólogos. Qualquer pessoa que faça o treinamento em um grupo que tenha qualificação e tenha uma visibilidade séria pode se tornar hipnólogo.

Também é importante salientar que esse tipo de recurso terapêutico nos casos de dependência química só pode ser realizado quando o dependente sai do processo de abstinência, já que a presença da droga no organismo afeta o modo de pensar e agir.

“O dependente químico é muito complexo. São várias inserções multidisciplinares que precisam ser feitas para salvá-lo da dependência. Por isso é necessário trazer uma normalidade do pensar para ter acesso a ele e fazer o procedimento. Como a dependência química está no mundo da subjetividade, não é possível determinar como começa ou porque começa, mas principalmente quando é que a pessoa se torna um dependente. Por esse motivo a hipnoterapia adentra de uma forma bem consistente na possibilidade de ajudar o dependente químico em seu processo terapêutico”, finaliza Uranio Paiva.