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Caixa Seguridade e franceses emperram no valuation

16 de agosto de 2015

Negociações da Caixa Seguridade e franceses emperram no valuation

Negociações da Caixa Seguridade e franceses emperram no valuation

As conversas entre a Caixa Seguridade, braço de seguros da Caixa Econômica Federal, e a sócia francesa CNP Assurances para renovação do contrato, que vence em 2021, emperraram no valuation, mas sua abertura de capital segue prevista para este ano, segundo fontes ouvidas pelo Broadcast. O valor que a seguradora do banco público teria sinalizado como adequado ficou bem acima do ofertado pela parceira, conforme as mesmas fontes.

Diante disso, os franceses decidiram voltar novamente à mesa para renegociar e uma conclusão é esperada para as próximas semanas, segundo fontes. O nó precisa ser desatado para que a oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da Caixa Seguridade saia com os dados do primeiro semestre de 2015, ou seja, já na próxima janela de oportunidade, após a volta das férias no Hemisfério Norte.

A principal razão para as negociações terem se alongado, conforme fontes, foi porque a primeira oferta da CNP teria ficado bem próxima da feita em 2001, no fechamento do contrato, ajustando, somente a inflação no período. Na época, a francesa desembolsou US$ 538 milhões por 51% das ações da Caixa Seguros. Com a venda do controle, a CaixaPar, braço de investimentos da Caixa, ficou em torno de 48%.

“A CNP considerou fundamental para o sucesso do IPO da Caixa Seguridade a renovação do contrato para não ter risco de quem seria sua seguradora parceira e fez uma proposta muito ruim. Mas após um pré-roadshow com investidores, a Caixa viu que não era nada disso”, conta uma fonte de mercado.

Na prática, a joia da coroa está na distribuição de seguros, ou seja, a rede de agências da Caixa e a oportunidade de explorá-la de forma exclusiva. Por isso, a discussão travou e os sócios, segundo fontes, ainda não teriam chegado a um consenso sobre o valuation, mas a expectativa é de que isso ocorra muito em breve.

A renovação com os franceses é fundamental para dar sequência no IPO da Caixa Seguridade de cerca de R$ 15 bilhões, mas uma fonte garante que não há ainda conversas com outros possíveis interessados. Outra atenta que no momento em que a CNP perceber que pode perder o negócio para outro, uma vez que o interesse de seguradoras em canais bancários é elevado, tende a ceder e fazer uma oferta mais vantajosa.

É um desejo antigo da Caixa, conforme fontes, alterar o contrato com os franceses, missão, que se arrasta desde 2003, essa que passou para as mãos da Miriam Belchior, atual presidente do banco. O próprio Jorge Hereda vinha tentando negociar, mas sem sucesso. Já houve, inclusive, uma ação pública questionando a venda do controle da Caixa Seguros para a CNP uma vez que por se tratar de uma instituição pública deveria ter sido feita uma licitação.

Uma fonte pondera, porém, que se o contrato não for renovado, o jogo segue e uma nova parceria será feita com uma seguradora, não necessariamente, via licitação. Hoje, a operação brasileira é a segunda mais importante da CNP no mundo, atrás apenas da francesa, o que tende a pesar para a sócia na hora de fazer a nova oferta para renovar o contrato.

A realização dessa oferta é um movimento importante ainda na esteira do ajuste fiscal, cuja meta está em 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB). Até por isso o esforço para que a oferta ocorra ainda neste ano, embora fontes considerem ainda um risco da oferta ficar para 2016. Fontes de bancos de investimentos atentam que o IPO da Caixa Seguridade pode ficar para a última janela do ano, que ocorre em dezembro, já que para a próxima são esperadas as oferta do ressegurador IRB Brasil Re e da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras.

Com a demora nas negociações, o pedido junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para o IPO da Caixa Seguridade está em compasso de espera. “Se algum ponto for alterado, é preciso rearquivar na CVM e aí correria o risco da oferta ficar para o próximo ano”, diz a fonte.

Em maio, a Caixa selecionou o sindicato que cuidará do IPO do seu braço de seguros. Formado por nove bancos, é liderado pelo Banco do Brasil ao lado de Bradesco BBI, Itaú BBA, Goldman Sachs e UBS, que serão coordenadores globais. Também vão participar da operação, segundo fontes, o Citibank, BTG Pactual, Brasil Plural e Bank Of America Merril Lynch.

Recentemente, a reorganização societária da Caixa Seguridade também foi aprovada, concentrando em uma só holding todas as atividades nos ramos de seguros, capitalização, previdência complementar aberta, consórcio, corretagem de seguros e atividades afins. Procurada, a Caixa Seguros disse que não poderia comentar por estar em período de silêncio. A CNP também preferiu não se manifestar.

Fonte: Aline Bronzati e Fernanda Guimarães, Estadão