Professor da Fundação Dom Cabral, Paulo Vicente acredita que a economia brasileira tem grande espaço para expansão, pois o País possui um vasto território a ocupar, sua população continua crescendo em ritmo satisfatório e, com isso, há um grande potencial de consumo. Entretanto, o Brasil “se comporta como exportador de commodities, caminhando rumo ao século XIX”, avaliou o especialista durante a palestra que abriu as atividades do segundo dia de evento. Para enfrentar esse desafio, será preciso integrar a América Latina, fortalecendo a região para competir com outros blocos econômicos em formação, e reindustrializar o País. “Esse é um processo de longo prazo”.
Há pelo menos quatro grandes áreas que podem fazer o Brasil “quadruplicar sua economia no século XXI”, avaliou o professor. A principal delas, a faixa que se estende pelo litoral do Nordeste ao norte do Espírito Santo, chamada por ele de “terra da oportunidade”, tende a um aumento progressivo de consumo. “Algumas empresas já perceberam esse movimento e estão se instalando nessas regiões para se aproximarem de seus consumidores. Elas também têm demandado mão de obra mais especializada do Sul e Sudeste, invertendo a rota de migração que se observava em meados do século XX”. Também podem crescer a região de fronteira a oeste, com a transformação do agronegócio em agroindústria; a região do cerrado, que “sofre com falta de estrutura logística, mas deve se desenvolver com a construção da ferrovia Norte/Sul”; e o Sul e Sudeste, cujo crescimento tende a ser menor por serem mercados mais maduros.
Por outro lado, o excesso de protecionismo e o sistema legal e tributário foram criticados por Paulo Vicente como barreiras para a ampliação da economia brasileira. “O País é, hoje, a terceira economia mais fechada do mundo, atrás apenas de Argentina e Nigéria. Isso gera baixa competitividade e altos preços, e estimula o surgimento de oligopólios e monopólios”, afirmou, acrescentando que para desenvolver a infraestrutura de transportes e a produção de energia, outros obstáculos para o crescimento, o Brasil “precisa aceitar investimento estrangeiro, assim como fez a China”.
Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social