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As vítimas do trânsito pedem paz

09 de maio de 2018

Por Paulo Amador – Jornalista e Escritor

Foto: Divulgação

No Brasil, quinto país do mundo com maior número de vítimas de acidentes de trânsito, a cada ano dezenas de milhares de pessoas morrem e centenas de milhares de acidentados sofrem algum tipo de mutilação que resulta em invalidez, parcial ou permanente. É necessário acrescentar ainda, como registro negativo, outras consequências que podem ser carregadas para o resto da vida, como limitação da mobilidade, incapacitação para o trabalho, perda de qualidade de vida e prejuízos de natureza econômica.

Esta, infelizmente, é a triste realidade de um país que, apenas no ano passado, teve 383.993 pessoas indenizadas através do Seguro DPVAT. Neste número, observamos uma verdadeira tragédia: 284.191 pessoas indenizadas por invalidez permanente e 41.151 vítimas fatais, isso sem contar os 58.651 reembolsos por despesas médicas-hospitalares decorrentes de acidentes de trânsito. Entre os mortos no trânsito durante 2017, 10.232 jovens com idades entre 18 e 34 anos.

Este último número pede uma reflexão. E em termos de dramaticidade, também vale uma comparação com a Guerra do Vietnã. Em dez anos de atuação dos Estados Unidos nesse conflito (janeiro de 1965 a abril de 1975) foram 58.000 soldados mortos em combate. Com isso, concluímos que, no Brasil, praticamente a cada ano, o trânsito mata ou mutila um número próximo de pessoas que os Estados Unidos perderam em dez anos de guerra no Vietnã.

Nunca é demais repetir que a violência no trânsito se torna ainda mais dramática quando consideramos que o maior número de vítimas está, exatamente, na faixa considerada economicamente ativa. Em 2017, por exemplo, do total de 380 mil pessoas vítimas em acidentes de trânsito indenizadas pelo DPVAT, nada menos que 186.000 (49% do total) estavam na faixa etária compreendida dos 18 a 34 anos. Este é um duplo desastre para o Brasil que, nesta guerra cujos maiores inimigos são a imprudência, a irresponsabilidade e a falta de educação, compromete precocemente um pedaço de seu futuro quando tantos jovens mortos e inválidos.

A guerra no trânsito tem que acabar. Os mortos, os mutilados e os incapacitados pedem paz. As campanhas de educação para a vida no trânsito são instrumentos de prevenção que devem ser estimuladas e apoiadas pela população, que em algum momento poderá ser beneficiada quando, no Brasil, as regras mínimas de convivência e respeito à vida do próximo sejam mais atendidas e respeitadas.