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Tentar baratear o seguro do carro pode sair caro

18 de junho de 2016

Foto: Thinkstock/scyther5

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 Já pensou em dividir o custo do seguro do carro com desconhecidos? Pois essa é a proposta de cooperativas ou associações  que oferecem a “proteção veicular”.

Funciona assim: o cooperado paga uma taxa de adesão (que varia de R$ 350 a R$ 400) e a mensalidade para custear a operação e, quando houver acidente ou roubo, nesse mês o valor desse sinistro será dividido entre os associados.

Por isso, a parcela mensal varia de preço. Segundo as cooperativas, um sinistro causará um aumento na parcela de, no máximo, 10%.

Atualmente estima-se que há no Brasil mais de 2 milhões de coope­rados divididos em cerca de 500 associações espalhadas pelo país. A maioria está concentrada em Minas Gerais, onde surgiu a modalidade.

“Há 15 anos, nascia em Betim a primeira cooperativa de proteção veicular, que reunia caminhoneiros que não podiam pagar o seguro”, conta o advogado Renato Assis, que representa a maioria desses grupos.

De acordo com Assis, as associações não têm fins lucrativos e existem principalmente para atender os rejeitados pelas seguradoras.

“O perfil dos nossos clientes é, em sua maioria, de excluídos, como os mais jovens, com até 25 anos, os que têm automóveis com mais de dez anos de uso ou mesmo aqueles que estão com o nome negativado”, explica Assis.

É o caso de Guilherme Miranda, de 24 anos, que optou pela cooperativa após saber que o valor do seguro do seu Fiat Palio 2008 havia ficado em R$ 2.000.

Hoje ele paga a uma associação cerca de R$ 1.200 (R$ 100 reais por mês). “Para mim, compensou muito. Quando precisei de assistência e reboque, fui atendido prontamente”, afirma Miranda.

O mineiro Vitor Messias, 28 anos, proprietário de uma Fiat Strada 2009, também não tem reclamações dessa nova modalidade de seguro.

“Tive dois sinistros com envolvimento de terceiros e tudo foi resolvido com rapidez e agilidade. Sou cliente há quatro anos e pretendo continuar”, conta Messias.

O fim do perfil

Além do baixo preço, outra vantagem que atrai os consumidores para as cooperativas é o fato de elas não exigirem nenhuma análise de perfil.

O preço é composto apenas pelo valor do veículo na tabela Fipe. “Todas, sem exceção, trabalham assim, principalmente para atrair os recusados pelas seguradoras”, explica Assis.

“A nossa intenção não é concorrer com as grandes seguradoras, mas sim ser uma alternativa para os cidadãos que têm perfis não aceitos por elas.”

Em nossa apuração de preços (veja tabela abaixo), tivemos essa experiência de ter um perfil recusado. QUATRO RODAS simulou a contratação da apólice com o seguinte perfil: homem, 20 anos, estudante e morador de São Paulo.

Dos seis modelos apurados, o Honda HR-V foi recusado por duas das três seguradoras, enquanto todas as cooperativas o aceitaram.

Além disso, BMW 320i, Golf TSI e S10 2.8 diesel tiveram preços proibitivos: média de R$ 16.090, R$ 14.290 eR$ 19.840, respectivamente.

O custo do risco

Aderir à “proteção veicular”, porém, exige cuidados. Não é difícil encontrar reclamações em relação a algumas associações.

O corretor de seguros Ivan Coutinho relata que muitos de seus clientes descontentes com as cooperativas acabam voltando para as seguradoras.

“Há vários casos assim. Os mais comuns são consertos malfeitos, demora no reparo, pagamento de roubo sem respeitar o valor da tabela Fipe e até a falta de pagamento”, diz.

Já no levantamento do Procon, as principais reclamações feitas são os serviços não entregues ou feitos pela metade, mesmo quando o associado tem todos os boletos em dia.

Segundo a Superintendência de Seguros Privados (Susep), as associações ou cooperativas que atuam nesse ramo estão agindo à margem da lei, já que não há nenhum agente fiscalizador para esse setor.

A Proteste, associação de defesa do consumidor, também é crítica. “Como não há um órgão que fiscaliza e regulamenta as associações, elas não seguem nenhuma regra e muitas vezes o associado é prejudicado”, diz Gisele Rodrigues, técnica da Proteste.

Ela destaca que nenhuma delas tem reserva de recursos, como é exigida das seguradoras. “Num acidente de grandes proporções, que afete vários carros cooperados, há um grande risco de um prejuízo generalizado.”

O defensor das cooperativas Renato Assis lembra que, como em todo setor, sempre há empresas que não agem de forma adequada e merecem ser punidas.

Ele confirma que a atividade não é fiscalizada pela Susep, já que as empresas não são seguradoras, mas é pelo Ministério Público.

Segundo a Proteste, caso o consumidor opte por aderir a essa modalidade de seguro, é importante tomar certos cuidados, como conferir reclamações junto ao Procon ou em sites de defesa do consumidor, como o Reclame Aqui, e escolher as associações com mais tempo de mercado e com no mínimo 500 associados.

Fonte: Quatro Rodas