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Resseguro divulga bons resultados, mas preços preocupam

13 de agosto de 2015

Americana anuncia que está recusando negócios porque taxas não são adequadas; tendência é de continuidade do atual mercado brando.

mercadoglobal

O mercado global de resseguros fechou o primeiro semestre de 2015 com bons resultados, mas também com sinais de que o longo mercado baixista está passando fatura no setor. De modo geral, porém, os resultados não parecem indicar uma mudança iminente no atual mercado brando.

Grandes resseguradoras multinacionais divulgaram em sua maioria performances positivas entre janeiro e junho, beneficiadas por um baixo nível de perdas e o desempenho ainda satisfatório de seus portfólios de investimentos. Mas o ritmo de crescimento do volume de prêmios tem sido modesto, quando não negativo, e a ênfase na seletividade de riscos chegou ao ponto em que algumas companhias admitem que estão recusando contratos porque as taxas que cedentes querem pagar estão baixas demais.

“Continuamos a rejeitar negócios quando acreditamos que os preços não são adequados”, afirmou a americana General Re, parte do grupo Berkshire Hathaway, em seu relatório semestral de resultados. A empresa fez o comentário especificamente sobre suas atividades nos segmentos de bens e propriedades.

A empresa não é a única resseguradora a mostrar relutância na hora de aceitar alguns tipos de riscos sob as taxas vigentes atualmente no mercado. Mas parece ser uma das que mais têm colocado em prática esta filosofia.Entre janeiro e junho, a General Re reportou um total de U$ 1,68 bilhão em prêmios nos segmentos de bens e reponsabilidades. No mesmo período de 2014, o número havia chegado a US$ 2,04 bilhões.

Flutuação cambialsize_810_16_9_cambio

As difíceis condições do mercado não impediram, porém, que resseguradoras globais apresentassem resultados positivos no primeiro semestre.

As resseguradoras europeias, em particular, se beneficiaram da valorização do dólar americano, que proporcionou um impulso a suas contas ao aumentar a rentabilidade de seus negócios internacionais.

A alemã Hannover Re divulgou que seu lucro líquido aumentou quase 20%, em termos anuais, no primeiro semestre, e na francesa Scor o incremento chegou a 28%. A Swiss Re obteve um crescimento de 11%, e a Munich Re teve um lucro líquido de €1,87 bilhão, comparado com €1,7 bilhão entre janeiro e junho de 2014.

Na General Re, o lucro líquido caiu de US$ 196 milhões em junho de 2014 para US$ 60 milhões. O efeito cambial pode ser observado na maneira como os volumes de prêmio são contabilizados pelas empresas.

A Munich Re, por exemplo, anunciou que os prêmios nas linhas de bens e responsabilidades aumentaram 7,5% no primeiro semestre, mas teriam apresentado uma contração se as taxas de câmbio houvessem permanecido ao mesmo nível do ano passado. Na Hannover Re, a taxa de aumento foi de 21,9% nos segmentos em questão, mas teria se restringido a 10% sob taxas de câmbio constantes. Na Scor, os números de todas as atividades do grupo foram 19,6% e 5,3%, respectivamente.

Desafios

Os resultados positivos foram obtidos em meio a um cenário de perdas catastróficas excepcionalmente baixas, o que pode acarretar dúvidas a respeito da rentabilidade das resseguradoras no futuro. As circunstâncias podem mudar caso os volumes de perdas se acentuem nos próximos anos e os mercados financeiros proporcionem retornos mais modestos para os portfólios de investimentos das empresas do setor.

Estes dois fatores, que ainda estão atuando em favor das resseguradoras, se uniriam então aos outros elementos que hoje trabalham contra a performance do setor.“O resseguro de bens e responsabilidades continua sendo altamente competitivo, com a oferta de cobertas de resseguro ainda superando a demanda”, afirmou a Hannover Re em seu relatório semianual.

As principais tendências condicionando hoje o setor, de acordo com o documento, são: baixos níveis de perdas catastróficas; maior capacidade dedicada a produtos financeiros ligados aos mercados de seguros (como os chamado “cat bonds”); maior capacidade de seguradoras cedentes de reter risco, graças a seus elevados níveis de capitalização.

Os dois últimos fatores tornam previsível a continuidade do atual mercado brando, ainda que a Munich Re, em seu relatório, anunciou ter observados sinais de que os preços podem estar finalmente se estabilizando.

De qualquer maneira, várias empresas já vêm desenvolvendo programas de recompra de ações e outras medidas para impulsionar seu níveis de solvência. Os relatórios semestrais também apontam para a busca constante de oportunidades de crescimento em novos segmentos e em mercados emergentes na Ásia, África e América do Sul.

“Para garantir que vamos manter nossa competitividade e rentabilidade no futuro, vamos aumentar nossos esforços para aproveitar ao máximo as oportunidades oferecidas pela digitalização, e aumentar nosso potencial de negócios por meio do desenvolvimento de soluções inovadoras”, disse Nikolaus vom Bomhard, o CEO da Munich Re, durante a apresentação dos resultados da empresa.

Já a Swiss Re afirmou que “vamos seguir buscando oportunidades para transferir capital e talento para mercados de crescimento acelerado”.

Fonte:Rodrigo Amaral | Risco Seguro