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Quem mora em condomínio está mais seguro?

10 de abril de 2018

Por Ellen Pompeu

Professora do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, Ellen Pompeu | Foto: Divulgação

Dados recentes divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram que os roubos a residências aumentaram em 70% nos dois primeiros meses do ano só no Rio de Janeiro. Em São Paulo, há poucas semanas, um homem atropelou e matou sua ex-esposa em plena luz do dia dentro de um condomínio de luxo.

Tais índices e fatos apontam o quantos estamos frágeis diante da violência urbana. Muitas vezes, morar em condomínios é uma opção influenciada pela percepção segura que este modelo de habitação nos transmite. Contudo, casos recentes de feminicídios, homicídios, agressões e outros tipos de ilícitos ocorridos dentro dos muros de complexos residenciais de luxo, que supostamente deveriam garantir a segurança de seus moradores, trazem à tona o tema para a lista das principais preocupações da sociedade civil, e abrem mais uma questão.

Afinal, o formato de moradia estabelecido como condomínio, por si só, garante segurança pessoal e patrimonial?

Para alcançar a proteção desejada é importante ir além da escolha do tipo de moradia e não se limitar às avaliações arquitetônicas do empreendimento. Os muros dos condomínios, bem como os seus modelos de acesso devem passar por análise especializada e abrangente dos riscos e fragilidades.

O mapeamento técnico e especializado dos riscos com análise quantitativa e qualitativa da segurança, permite a composição e o desenvolvimento de soluções integradas que tenham um balanço ideal entre pessoas, procedimentos e recursos tecnológicos. É preciso mitigar riscos e também otimizar investimentos.

A diversidade de soluções tecnológicas disponíveis no mercado e de empresas com experiência em suas atividades é grande, contudo, é mandatório conhecer qual delas é a mais adequada para cada caso. Uma solução tecnológica inovadora e de baixo custo pode ser bastante eficaz em alguns casos e nem tanto em outros.

O melhor investimento é aquele que, de fato, diminui riscos, minimiza vulnerabilidades e promove mais segurança. Escolher os fornecedores passa pela análise da adequação da solução proposta ao projeto de segurança e características do condomínio.

Outro item importante é a verificação da execução dos serviços e tecnologias adquiridas, bem como do desempenho dos profissionais. É ideal que sejam realizadas inspeções frequentes para verificação da execução dos procedimentos e aderência às normas de segurança, avaliações do funcionamento do sistema tecnológico e a reavaliação constante de outras fragilidades, pois o risco é dinâmico.

Para fechar ciclo de boas práticas em segurança, vale ressaltar que não adianta ter o melhor equipamento tecnológico implantado se a equipe administrativa apresenta vulnerabilidades que podem expor o condomínio a perigos. É fundamental que os funcionários estejam perfeitamente treinados para o uso dos equipamentos e sistemas, porém conhecer cada pessoa que compõem a equipe administrativa de segurança é mais necessário ainda.

Por isso, no momento da contratação é aconselhável incluir uma avaliação de compliance ético individual nas pessoas que virão a trabalhar no local. De garagistas a funcionários da limpeza, avaliar o risco individual que cada cargo apresenta é uma parte integrante para reforçar ainda mais os elos que compõem a segurança condominial.

A segurança pessoal pode ser bastante melhorada. Podemos mitigar riscos, identificar vulnerabilidades e, até mesmo, agir de modo preventivo, mas não conseguimos prever o comportamento do ser humano, assim quanto menos suscetíveis e mais precavidos estivermos, melhor será a nossa qualidade de vida.

Segurança é item de primeira necessidade em nossa sociedade.

*Ellen Pompeu é professora do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, especializada em gestão de segurança, sócia-diretora da ICTS Security, empresa de consultoria e gerenciamento de operações em segurança, de origem israelense.