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Perspectivas da inflação em 2019, por MAPFRE Investimentos

10 de dezembro de 2018

A primeira semana de dezembro terminou com uma boa notícia para o consumidor: a inflação acumulada em novembro é a menor para o período desde 1994. Mas qual a expectativa para este dado macroeconômico ao longo dos próximos meses? Esta tendência deve ser mantida ou o ano que está por vir pode nos surpreender negativamente?

Se olharmos para o desempenho de alguns itens, podemos entender os determinantes deste cenário atípico, a começar pelo preço dos combustíveis, um dos mais sentidos no bolso do brasileiro. O excesso da oferta de petróleo, que derrubou o preço da gasolina, finalmente chegou até o consumidor final. Somado a este fenômeno, a mudança da bandeira tarifária de energia elétrica de vermelha para amarela intensificou a deflação de novembro.

Além disto, o crescimento modesto da economia brasileira no passado recente dificultou o repasse da inflação acumulada ao longo da cadeia produtiva para o consumidor final, onerando o produtor e o varejista, que se viram obrigados a diminuir as margens de lucros para se manter no mercado.

Esta combinação de fatores pode se repetir no curtíssimo prazo, embora com menos intensidade, mas deve ser revertida no início de 2019. Os países produtores de petróleo sinalizam para a elevação dos preços. Quanto à tarifa de energia elétrica, o começo do próximo ano deve ser de bandeira verde, o menor patamar tarifário, com expectativa de reajuste positivo durante o primeiro trimestre.

No que concerne aos produtores e varejistas em geral, o aperto ao longo do ano deixa pouca margem para manobras. Caso a inflação ao produtor dos próximos meses siga a mesma trajetória de 2018 (9,3% no acumulado de janeiro até novembro), a absorção unilateral por parte de quem oferta produtos e serviços pode se tornar inviável, e os custos devem começar a ser repassados para o consumidor final, mesmo que parcialmente.

Há, no entanto, um efeito decorrente do segundo ano consecutivo de inflação abaixo da meta que não pode ser ignorado: o arrefecimento do componente inercial. A memória inflacionária da economia brasileira dormia um sono leve desde o sucesso do plano real, e, ao menor ruído, dava sinais de que poderia despertar. Nos últimos dois anos, todavia, gatilhos inflacionários que costumavam impactar o IPCA de forma acentuada não têm mostrado a mesma força. Tal desempenho se deve, em parte, ao Banco Central, que ancorou as expectativas inflacionárias. Prova disto é a projeção média do mercado para o IPCA de 2019, abaixo da meta estipulada de 4,25%.

Diante deste contexto, a expectativa é de uma inflação crescente ao longo dos próximos meses, puxada pelos combustíveis, em um primeiro momento, e pela energia elétrica, em um segundo, mas que deve dissipar o impacto inicial ao longo do ano e encerrar o período com o IPCA em nível semelhante ao de 2018.

Gestão

A primeira semana de dezembro foi marcada por forte volatilidade nos mercados e no humor dos investidores. Houve otimismo após a reunião do G20, com o anúncio da trégua de 90 dias nas negociações comerciais entre EUA e China, o que se refletiu nos negócios na primeira sessão da semana, com bolsa em alta, dólar em baixa e DIs praticamente inalterados.

Entretanto, a bonança se mostrou de curta duração, com o ceticismo de parte dos investidores quanto ao atingimento de um acordo duradouro prevalecendo e reduzindo os ganhos das ações ao longo da sessão. Posteriormente, a prisão da executiva de finanças – e filha do fundador – da gigante chinesa de tecnologia Huawei reforçou a desconfiança entre os participantes quanto à superação da guerra comercial sino-americana, o que, somado a fracos indicadores de atividade no Japão e na Europa, disparou forte movimento de aversão ao risco, com os índices acionários americanos apresentando seu pior desempenho semanal desde março. A piora no humor dos investidores se refletiu inclusive na curva de juros dos Treasuries, com os vértices mais longos invertendo sua inclinação e ficando abaixo, inclusive, das taxas de mais curto prazo, sinal que costuma antecipar menor pressão inflacionária futura em função de desaceleração econômica ou mesmo recessão.

Na próxima semana, destaque para os números da Produção Industrial na Zona do Euro e a decisão dos juros na reunião do Banco Central Europeu, bem como os dados das Vendas no Varejo nos EUA.

 

Fonte: Mapfre