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O futuro do seguro de vida está nos dados

22 de setembro de 2017

Foi-se o tempo em que apenas a idade determinava o seguro de vida. Qualidade do sono, tabagismo, ser ou não sedentário, estresse e até mesmo a genética são informações que hoje são observadas por empresas do setor, pois podem ou não influenciar a mortalidade. O tema foi assunto da palestra “Espiando o futuro: mortalidade e tendências”, do pesquisador americano Scott Rushing, no 5º Encontro Nacional de Atuários, que acontece paralelamente à 8ª CONSEGURO, no Rio de Janeiro.

Chefe de Pesquisa Global da RGA Reinsurance Company, Scott apresentou estudos sobre os principais fatores de risco. De acordo com os dados, pessoas que fumam terão, em média, 10 anos a menos que os não fumantes. Esse número irá variar de acordo com o país e, inclusive, de acordo com tipo de tabaco: cigarro, charuto, cachimbo. Rushing cita que, no Brasil, havia uma prevalência de fumantes, mas o já tabagismo diminuiu consideravelmente nos últimos anos.

Outra pesquisa apresentada pelo americano mostra que a bebida alcóolica, risco normalmente avaliado pelos atuários, nem sempre é prejudicial. Realizada com 300 mil pessoas, aponta o consumo leve de bebida alcóolica na prevenção da mortalidade, por auxiliar nos casos de doenças cardiovasculares.

São muitas as análises que o setor vem buscando. “Mapear riscos e quantificar é o nosso dia a dia. Sem informações é só opinião”, afirma a moderadora da palestra Gláucia Carvalho, superintendente Atuarial da SulAmérica.

Scott Rushing exemplificou novas técnicas e variáveis que são consideradas pelas empresas, principalmente em outros países. A genética e o estudo dos genes estão entre elas. “Algumas parecem ficção científica, mas já estão sendo testadas”, confirma o pesquisador.

Equipamentos que medem pressão arterial, temperatura do corpo e número de passos também já são utilizados para mapear os riscos na saúde do segurado. “Está comprovado que a prática de exercício físico diminui a mortalidade, enquanto que sedentarismo vai impactar a mortalidade 5 a 10%”, diz.

Para Daniel Beneton, gerente de Modelagem da Brasilprev, as companhias brasileiras estão acompanhando as inovações de outros países. Alguns componentes nem mesmo as empresas americanas conseguem adotar, pois esbarram na cultura e legislação local. “Nem tudo pode ser utilizado dentro de determinados países. Alguns têm restrições legais ou sociais, mas muitas dessas técnicas já estão em prática”.

São dados que não necessariamente serão utilizados para subscrição. São úteis para detectar fraude, impactar no valor do prêmio da apólice, determinar um seguro de grupo ou servir para adequar produtos oferecidos. “Dados dos hábitos de consumo das pessoas, como uso de álcool e tabagismo podem, eventualmente, ser utilizados pela companhia como atributo do produto, para ser explorado e transformado em algo mais atraente para o cliente”; argumenta Beneton. “O mercado de seguro de vida no Brasil tem perspectiva de crescimento. O brasileiro adquire esse tipo de apólice em grupo por meio das empresas onde trabalham e não individualmente. É um desafio do setor conseguir equilibrar o uso de tantas variáveis com o anseio do cliente de encontrar uma solução mais fácil”, completa.

Para Scott, são muitos os desafios do setor pelo mundo. “Alguns países vão utilizar o tabagismo como uma variável, outros, a renda familiar. Os Estados Unidos, por exemplo, gostam de utilizar o código postal. Vivemos um momento interessante sobre dados e precisamos pensar de que forma isso irá impactar na mortalidade. Temos que pensar no futuro”, finaliza Scott.