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ESPECIAL: Na Irlanda, dirigir sem seguro é ofensa grave e pode levar à prisão

27 de maio de 2015

 Acássia Deliê – Repórter Especial, de Dublin, na Irlanda

Com baixa taxa de criminalidade, país obriga seguradoras a cobrir custos de acidentes com vítimas

 

Foi numa circulada rápida pelo Centro de Dublin que o brasileiro Gilberto Santos teve a rotina tranquila interrompida na cidade, onde vive há cerca de um ano. Ao passar por uma blitz, foi parado pela polícia, teve o carro apreendido e voltou para casa com uma multa e uma advertência. A razão: dirigia o veículo sem seguro. Se no Brasil o seguro de carro é uma opção para o motorista, na Irlanda dirigir sem ele é considerado uma ofensa grave que pode levar à prisão.

Gilberto só descobriu a rigidez das leis irlandesas sobre seguro de carro ao ser parado na blitz, logo após comprar seu primeiro veículo no país. “Eu ainda estava cotando os preços dos seguros, mas como já estava com o carro na mão, não quis deixar de usá-lo. A polícia usou um radar para identificar minha placa e descobrir que eu não tinha o seguro ainda, achei que seria preso no dia. Tive que pagar multa e guincho para levar o carro para casa”, conta Gilberto, engenheiro de software natural de Goiás que hoje trabalha para a Liberty Insurance, uma das maiores empresas de vendas de seguros do mundo.

É um risco dirigir sem seguro na Irlanda. As punições mais comuns são multas de até € 5 mil (cerca de R$ 17 mil), perda de 5 pontos na carteira de habilitação e, em casos mais graves, a depender de decisão judicial, até 6 meses de detenção. Para as leis irlandesas, este é um delito que coloca outras vidas em risco no trânsito, já que são as seguradoras as responsáveis por arcar com custos hospitalares em casos de acidentes com vítimas no país.

Dos três principais tipos de cobertura oferecidos pelas seguradoras, o mínimo exigido pela lei local é o chamado “third party” (terceiros), que justamente garante a proteção financeira para vítimas de acidentes de trânsito. É o plano mais barato, mas que não oferece cobertura em casos de roubo, incêndio, ou mesmo ressarcimento por danos materiais provocados por acidentes.

Seguro para estrangeiros pode sair mais caro que o veículo

Mesmo os planos mais populares entre os irlandeses têm custo mais alto para os estrangeiros que vivem no país. Muitas vezes, o valor da cobertura anual ultrapassa o valor total do veículo. Foi o que aconteceu com Gilberto: ele comprou um Opel Vectra usado por € 3 mil (R$ 10,2 mil) e teria que pagar aproximadamente o mesmo valor anual para manter o carro segurado. Para se ter ideia da diferença de valores, um irlandês que compra um carro zero em torno de € 15 mil (R$ 51 mil) pode pagar até € 600 (R$ 2.040) por um seguro em um dos planos básicos.

Isso porque o valor da apólice de seguro varia de acordo com uma série de “fatores de risco”, entre os quais está a falta da carteira de habilitação irlandesa, que pode aumentar em centenas de euros o valor pago pelo segurado. Outros fatores considerados na hora da apólice são o tamanho, a potência e o tempo de uso do carro (quanto mais potente, mais caro o seguro) e a idade do motorista (quanto mais jovem, mais caro).

Como a taxa de criminalidade na Irlanda é baixa, apesar de também considerar fatores como o local onde o carro é guardado durante a noite, a maior preocupação das seguradoras é mesmo com os acidentes. “Diferente do Brasil, onde o principal fator de risco são os roubos, aqui a preocupação maior é com a vida do outro, já que são as seguradoras que arcam com os custos. E por isso quem vem de fora não consegue fazer um seguro barato com a carteira internacional”, explica Gilberto Santos.

Por todas as dificuldades encontradas para contratar o seguro, o engenheiro de softwares está reconsiderando a ideia de trocar o carro pelo transporte público em Dublin. “Por enquanto, é um valor inviável para quem está com o visto provisório e ainda não tem a carteira de habilitação da Irlanda. Por isso, acho que pode ser melhor ficar a pé por enquanto. É um dinheiro que, somado ainda aos impostos do veículo, ainda não dá para gastar”, diz.