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Mais de 70% dos empresários goianos recorrem a seguro de cargas

13 de novembro de 2018

Por Giovanna Lopes, Sagras Online

Foto: shutterstock

“Em setembro de 2015, eu carreguei o caminhão em Senador Canedo e, na primeira subida em que o veículo ficou pesado, fui abordado por assaltantes armados. Eles sabiam todas as informações sobre a carga e me pediram para ter calma, já que a mercadoria estava assegurada. Após seis horas andando no porta-malas do carro, eles me soltaram. O caminhão foi achado horas depois.”

Este é o relato de Felipe Honório da Silva, que está na estrada há nove anos. Ciente dos riscos proporcionados pela profissão, ele afirma que o encanto pela profissão está indo embora a cada carga roubada, e conta que já passou pela violência por duas vezes.

“A segunda vez foi em outubro de 2017. Fui abordado em Anápolis. Dessa vez não fiquei muito tempo com os assaltantes, toda a ação durou cerca de duas horas. Eles deram alguns telefonemas e logo após fui solto. O caminhão foi achado com a carga intocada” lembra o motorista.

Para o titular da Delegacia Estadual de Repressão a Roubos de Cargas de Goiás (Decar), Alexandre Bruno Barros, os criminosos atuam não só nas rodovias estaduais como também nas interestaduais. Os assaltos são estudados previamente e dependem do tipo carga e da logística do receptador que ficará com a mercadoria posteriormente. “Existe o receptador certo. O assaltante escolhe uma carga que já tenha um comprador”, destaca o delegado.

Sobre o perfil dos criminosos, Alexandre Bruno alerta que a maioria das ações são violentas. “Estão sempre armados, ameaçam o motorista, restringem a liberdade do mesmo já que passam horas com a vítima.”

Histórico 

Em 2018, a Decar realizou mais de 50 operações, prendeu 184 integrantes de organizações criminosas e recuperou cerca de 70% das cargas roubadas em Goiás. O delegado Alexandre Bruno Barros reforça que os resultados, em comparação aos anos anteriores, são positivos, e fatores que contribuíram para isso foram ações em conjunto com as polícias militares e rodoviárias federais, além de prisões dos receptadores.

Enquanto as forças de segurança do estado realizam suas operações contra as organizações criminosas, para os empresários evitarem prejuízos, o seguro de cargas se torna uma interessante alternativa. Segundo dados da Superintendência de Seguros Privados, em Goiás, o seguro de responsabilidade civil facultativa por desvio de carga cresceu 72%. O índice é maior que da média brasileira, que apresentou aumento de 11%.

Para o corretor de seguros Fernando Fernandes, vinculado ao Sindicato dos Corretores e Empresas Corretoras de Seguros no Estado de Goiás (Sincor), existem várias modalidades de seguros. Mesmo assim, ele critica que, em geral, os embarcadores ainda precisam entender a importância de fazer o seguro. “Muitos ainda largam o seguro por conta das transportadoras. No Brasil ainda não caiu a ficha dos empresários sobre essa necessidade.”, aponta.

Atualmente, apenas o seguro de acidentes, chamado de Responsabilidade Civil do Transportador Rodoviário de Cargas (RCTR-C), é obrigatório pela legislação brasileira. Ele pode ser contratado tanto pelo proprietário da carga (embarcador), quanto pela transportadora. A gerente do Porto Seguros Transportes Rose Matos, explica que seguro e tecnologia são práticas preventivas, que a princípio podem parecem caras, mas o investimento é recompensado.

“Para o transportador ficar tranquilo e ter a responsabilidade civil o seguro RCTR-C é indispensável. Sempre frisamos para eles que a carga está protegida da origem ao destino final. Além disso a única coisa que pode realmente auxiliar o empresário nos riscos rodoviários é o seguro de transporte”, argumenta. 

Investimento

O custo do seguro varia em razão da carga transportada, o valor da mercadoria, destino de entrega, embalagem utilizada no transporte, tipo de cobertura (se completa ou parcial), frequência de desaparecimento de cargas entre várias outras particularidades. Em Goiás, a coparticipação em caso de sinistro pode chegar a 30%.

Em um país que aproximadamente 65% é transportado na malha rodoviária, proteger a mercadoria significa garantir a manutenção do abastecimento e, consequentemente, da economia, já que o setor é responsável pela movimentação de quase 60 bilhões de reais.