A edição de Portugal do Festival de Música de Penedo (Femupe), que acontece nos dias 25 e 26 de maio, será um evento acadêmico-científico e vai reunir pesquisadores do Centro de Musicologia de Penedo (Cemupe), vinculado à Universidade Federal de Alagoas, e o grupo Caravelas – Núcleo de Estudos da História da Música Luso-Brasileira, da Universidade Nova (UN) de Lisboa. Na programação do Femupe também estão previstos lançamentos de livros com selo do Cemupe e, entre eles, o Dicionário Musical, de Isaac Newton de Barros Leite, uma obra rara de 1904, que está sendo reeditada.

O coordenador-geral do Femupe, professor Marcos Moreira, do curso de licenciatura em Música da Ufal, revela que a terceira edição do Dicionário Musical só foi possível porque o Cemupe e a Fundação Casa do Penedo acreditaram no projeto, além do apoio da Universidade e da Prefeitura de Penedo. “Esse livro é decorrente de uma visita dos membros do Cemupe à Fundação Casa de Penedo. Jean Lenzi, diretor da fundação, permitiu que o exemplar do museu fosse fotografado página por página para ser editado pelos pesquisadores do Centro de Musicologia. E isto foi feito. Encaminhamos o material fotografado para a equipe e tudo foi editado em 90 dias”, contou.

Moreira ressalta ainda que a obra se configura num referencial para a pesquisa e o estudo da lexicografia musical em Língua Portuguesa. “O projeto original para publicação desta terceira edição começou a ser costurado no ano de 2004, quando a primeira edição comemorava cem anos. O doutor Francisco Alberto Sales, então diretor desta Casa de Cultura, havia reunido as duas primeiras edições deste pioneiro trabalho do professor Isaac Newton, que hoje repousam preservadas na seção de obras raras da Biblioteca Francisco Alberto Sales, e integram a Coleção Alagoas do Centro de Referência do Rio São Francisco. Quis o dileto amigo Francisco Sales, naquela ocasião, que o prefácio fosse assinado por Ricardo Cravo Albin”, lembrou.

E reforça: “A escolha de Albin, por conta de felizes aproximações que ultrapassam não apenas o afeto e a sensibilidade pelas questões penedenses, mas também pelo relevante serviço prestado na pesquisa e na promoção da Música Popular Brasileira que desenvolve junto ao Instituto Cravo Albin. Infelizmente esse projeto não foi concretizado em 2004. Quis o destino que o selo Cemupe fizesse este papel em 2022 e finalizando agora em 2023”.

“O Dicionário possibilita ao leitor interessado, graças aos esforços do professor Marcos Moreira, o acesso a uma nova edição desta obra que sai prestigiada por um dos mais respeitados estudiosos da Música Popular Brasileira, o musicólogo Ricardo Cravo Albin, penedense de alma e coração, que assina o prefácio desta terceira edição de modo a pontuar também o desejo primeiro de seu amigo, doutor Francisco Alberto Sales”, escreveu Jean Lenzi na apresentação dessa edição.

O autor do Dicionário Musical, Isaac Newton de Barros Leite, foi músico, pesquisador, professor e construtor de pianos em Alagoas. Sua obra lançada em 1904 pela da Tipografia Comercial de Maceió, conta com mais de 3.500 verbetes, e abrange muitos termos musicais, principalmente os que envolvem a cultura alagoana e nordestina. Sua terceira edição teve como adaptadores os pesquisadores: João Gracindo Neto, Aurélio Nogueira de Sousa, Douglas Felipe Nogueira Rocha, Fellipe Roberto Pereira da Silva, João Gracindo da Silva Neto, Rafael da Silva Pinto, Welton Roger Paulino Araujo. Como Coordenadores: Marcos Moreira, João Gracindo Neto e Jean Lenzi.

O Cemupe

O Centro de Musicologia de Penedo (Cemupe) é um grupo de Pesquisa registrado no CNPq, vinculado à Ufal, e tem como parceira a Prefeitura de Penedo. O Centro é um laboratório de pesquisa e extensão da Universidade, que realiza atividades on-line e presencial e sua sede física é anexa à Secretaria de Cultura, Lazer e Juventude de Penedo-AL.

O trabalho do Cemupe também é voltado a resgatar trabalhos musicais historicamente relevantes para Alagoas, a exemplo do dicionário de Isaac Newton, um dos primeiros produzidos em língua portuguesa, no Brasil, e que tem sido referência em diversas enciclopédias musicais brasileiras.

Trata-se de uma obra rara e a Fundação Casa do Penedo conta com exemplares da primeira e segunda edições do Dicionário. Ambas as edições estão preservadas e foram utilizadas como referência para esse trabalho atual. Na transcrição não foram feitas alterações no texto original, para permitir que a comunidade acadêmica tenha acesso à versão escrita pelo próprio autor, respeitando a concepção do musicólogo.