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Desaceleração da China dificulta recuperação brasileira

10 de janeiro de 2016

bandeira da chinaA primeira semana de 2016 começou da maneira mais turbulenta possível no mercado financeiro. Dados que mostram que a desaceleração da economia chinesa desencadeou uma queda nas bolsas de valores do país asiático, que se espalhou para todo o planeta. Grande exportador de minérios e de grãos para o mercado chinês, o Brasil foi atingido em cheio pelas instabilidades na segunda maior economia do mundo.

O dólar comercial encerrou a primeira semana do ano em R$ 4,04, com alta de 2,34%. O índice Ibovespa, da Bolsa de Valores de São Paulo, despencou mais de 6% nas últimas cinco sessões e está no menor nível desde março de 2009, no auge da crise provocada pelo colapso do crédito imobiliário nos Estados Unidos. Segundo economistas, a desaceleração da China dificulta ainda mais a saída do país da pior recessão em 25 anos.

Para o economista Róridan Duarte, membro do Conselho Federal de Economia, a mais nova crise internacional veio no pior momento para o país. “As dimensões da economia chinesa, com PIB [Produto Interno Bruto] de quase US$ 10 trilhões, fazem qualquer espirro se tornar uma gripe em todo o mundo. Um país que cresce 7%, em vez de 10%, tem um desempenho fantástico, mas a desaceleração causa impacto em todo o planeta”, afirma.

Em relação ao Brasil, o economista diz que ele se tornou dependente da economia chinesa quando o país asiático passou a investir em infraestrutura e comprou mais commodities – bens primários com cotação internacional. Com a desaceleração, o país diminuiu o consumo desses bens, fazendo os preços internacionais desabarem. “Diferentemente da crise de 2003, o Brasil não poderá usar as exportações para se recuperar mais rápido porque a demanda mundial por produtos brasileiros caiu”, diz.

Para Duarte, o grande desafio do Brasil será aproveitar a desvalorização do real para diversificar a pauta de exportações e vender mais produtos industrializados. “O problema é que isso levará algum tempo porque o país passou por um processo de desindustrialização nos últimos anos, e a recuperação da indústria não é imediata”, explica.

Apesar de concordar que a crise internacional complica a recuperação da economia brasileira, a professora de Economia Virene Matesco, da Fundação Getulio Vargas (FGV), diz que os principais problemas do país não são externos, mas internos. Para ela, a recuperação da economia brasileira depende mais de o país superar a crise política e executar o ajuste fiscal do que do desempenho da China.

“Claro que o que acontece na China, que é o nosso principal parceiro comercial, interfere no Brasil. Assim como na Argentina, nosso terceiro maior parceiro comercial. Só que a recessão brasileira foi causada por uma crise fiscal piorada por uma crise política”, observa Matesco. “O cenário internacional é um fator secundário.”

Segundo Matesco, o maior desafio para o Brasil será o novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, reconquistar a credibilidade dos investidores em relação ao governo. “O novo ministro tem de mostrar se realmente está comprometido com o ajuste fiscal porque, nos anos anteriores, ele foi o idealizador de muitas políticas de aumento de gastos que não deram certo e não elevaram os investimentos”, acrescenta.

Fonte: Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil