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Indenizações do caso Germanwings podem chegar a R$ 1bi

01 de abril de 2015

Thiago Sampaio – Repórter Seguro Notícias

Estatisticamente falando, viajar de avião é mais seguro do que de carro. A proporção de acidentes nas estradas é muito maior, tanto em ocorrências quanto em vítimas. Mas, quando ocorre um acidente aéreo ocorre, é inevitável que as atenções da mídia e da sociedade se voltem pra ele. Diante do maior número de fatalidades em uma única ocasião e sua raridade, a notícia de uma queda de avião é sempre chocante.

germanwings_airbus

Até mesmo a raridade passa a ser discutível, já que parecemos receber o relato de uma ocorrência todo mês. Há pousos de emergência, despressurização e turbulências violentas, mas o grave mesmo são as quedas, explosões ou desaparecimento. Pelas característica desse meio de transporte (quantidade de combustível, velocidade e grandes alturas) chances de fatalidade são maiores que em outros acidentes.

Esse é o caso entre outros, desde 2014, de voos da Malásia Airlines e Air Asia que caíram no oceano (401 vítimas fatais), outro da Malásia Airlines abatido na Ucrânia (298 mortos), o avião particular que vitimou o presidenciável Eduardo Campos e outros seis ocupantes, e finalmente o mais recente acidente registrado: o Voo Germanwings 9525, que caiu nos Alpes franceses vitimando 144 passageiros e seis tripulantes.

As circunstâncias desse último, inclusive, impressionam pelo fato de o copiloto do avião, Andreas Lubitz, segundo as investigações, ter deliberadamente derrubado o avião. Nossa empatia com a situação nos faz pensar na impotência dos passageiros e nos familiares das vítimas desse caso infeliz.

Andreas-lubitz

Trazer de volta os entes queridos é impossível. Mas existem maneiras de, tentar, compensar as perdas financeiras deste infortúnio. E é nesse ponto que entram as seguradoras.

A companhia aérea Lufthansa anunciou, esta semana, que o grupo de seguradoras da Allianz destinou um total de 279 milhões de euros (950 milhões de reais) para pagamento das indenizações relativas à tragédia do despenhamento do Airbus 320. O montante deve cobrir os prováveis pedidos de compensação das famílias das vítimas, declarou uma porta-voz da empresa aérea alemã Lufthansa, proprietária da Germanwings, confirmando a informação divulgada pelo jornal Handelsblatt.

Segundo o jornal alemão Handelsbatt, só o avião teria um seguro na ordem dos 6.5 milhões de dólares. A Lufthansa já ofereceu anteriormente, logo após o desastre, um montante inicial de 25.000 euros, que posteriormente subiu para 51.000 euros por vítima. Entretanto, a descoberta de que a companhia aérea tinha conhecimento do historial médico de Andreas Lubitz deve inflacionar as indenizações.

De acordo com o diário econômico alemão, as indenizações pagas em caso de acidente aéreo ficam aproximadamente em US$ 1 milhão por passageiro, mas a presença de norte-americanos entre as vítimas poderá levar a valores mais elevados porque os tribunais nos Estados Unidos geralmente concedem indenizações maiores que os tribunais europeus.

A Allianz Global Corporate & Speciality, filial da seguradora alemã Allianz, especializada na gestão de risco dos grandes grupos, é a líder do consórcio de seguradoras da transportadora de baixo custo Germanwings. Uma fonte do setor de seguros revelou que a Allianz tem 10% de participação na quantia a ser paga, enquanto o American International Group tem 11% e a Swiss Re tem 7%.

Os familiares das vítimas, devastados com o acidente que, aparentemente, poderia ter sido evitado, alegam que a Lufthansa tem responsabilidade pelo ocorrido. “Era um homem doente pilotando um avião”, queixam-se os familiares das vítimas. “É muita irresponsabilidade colocar tantas vidas nas mãos de uma pessoa assim”, contestam. Inclusive prometem levar o processo judicial por todos os meios possíveis para que a Lufthansa pague caro pela sua irresponsabilidade.

James Healy-Pratt, um sócio e diretor do Departamento de Aviação da firma Stewarts Law, em Londres, calculou que as indenizações totais da companhia aérea às famílias dos passageiros serão de aproximadamente US$ 350 milhões.

“Seria um suicídio comercial para a Germanwings tentar discutir sua responsabilidade para com as famílias”, disse Healy-Pratt. “Estou surpreso de que a Lufthansa tenha sido tão defensiva até agora. Espero que o bom senso prevaleça em breve”.

Healy-Pratt disse que os acordos em desastres aéreos são em média de US$ 4,5 milhões para um caso americano, US$ 1,6 milhão para um caso britânico, US$ 1,4 milhão para um caso espanhol e US$ 1,3 milhão para um caso alemão.

Apesar de haver especulações, ainda não se apuraram razões reais para o que aconteceu naquela viagem. Além disso, ainda não foi posta de parte a hipótese de uma possível avaria técnica. A segunda caixa negra do avião, que ainda não foi encontrada, poderá vir a esclarecer os pormenores que estão em falta.